Entrevista realizada pela Revista Quinzenal – Gazeta Rural, na edição que saiu a 15 de Junho de 2013.
Gazeta Rural (GR): Como tem decorrido os cursos de formação na área da fitossanidade?
Fernando Pereira (FP): A formação sempre foi importante para os agricultores, sendo particularmente relevante nesta área que exige conhecimentos técnicos sobre as pragas e doenças das plantas e os meios eficazes de combate que preservem o meio ambiente e a segurança do aplicador e do consumidor.
Com a entrada em vigor da recente Lei 26/2013 de 11 de Abril, a formação nesta área tem tido uma procura bastante intensa, pois todos os agricultores que apliquem produtos fitofarmacêuticos serão obrigados, a partir de 26 de Novembro de 2015, a possuir um cartão de aplicador emitido pela Direcção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP), sendo a formação obrigatória para as pessoas que tenham idade inferior a 65 anos aquando da altura da publicação desta lei. A zonaverde, entidade formadora acreditada, da qual faço parte, tem actualmente parceria com várias entidades locais (empresas, associações e cooperativas agrícolas) para dar resposta às solicitações apresentadas.
GR: Os agricultores têm aderido bem e entendem a necessidade de formação?
FP: Neste momento, as necessidades de formação na área dos fitofarmacêuticos prendem-se com a imposição legal relacionada com a aquisição do cartão, pelo que a motivação principal para a frequência de acções de formação prende-se com esta imposição e não tanto na procura voluntária de conhecimento.
Nota-se, contudo, que no final de cada curso, de forma geral, todas as pessoas acabam por reconhecer a importância deste tipo de formação, admitindo, muitas vezes, que cometiam sérios erros no manuseamento e na aplicação dos pesticidas com prejuízo da sua saúde, saúde dos consumidores e do meio ambiente.
Essencialmente, com esta formação, os agricultores acabam por ficar mais sensibilizados para uma correta aplicação destes químicos, respeitando as boas práticas fitossanitárias, as doses e/ou concentrações, a protecção dos consumidores, a utilização de equipamentos de protecção individual, equipamentos de aplicação adequados e calibrados e a preocupação pela protecção do meio ambiente. Para além disso, também se torna importante conhecerem os procedimentos impostos legalmente, pois poderão ser surpreendidos pelas autoridades com penosas coimas, caso não estejam em conformidade com a lei.