O termo ‘Inteligência Emocional’ foi usado pela primeira vez pelos psicólogos Mayer e Salovey (1990). Refere-se à capacidade de perceber, processar e regular as informações emocionais com precisão e eficácia, tanto dentro de si mesmo quanto nos outros e de usar essas informações para guiar o pensamento e ações e para influenciar as dos outros.
Diversa investigação tem demonstrado que a inteligência emocional é um excelente preditor de saúde, felicidade e sucesso. Quando modelamos as nossas respostas diárias com recursos de inteligência emocional somos capazes de compreender as nossas emoções e assim motivar-nos de forma intrínseca bem como fomentamos interações sociais positivas. Uma boa inteligência emocional é fundamental para concretizar o nosso máximo potencial, a nível pessoal e profissional.
Qualquer posição de liderança carece deste tipo de recursos para ser bem exercida.
Goleman (1995) reconheceu cinco categorias distintas de habilidades que formam as características-chave da Inteligência Emocional (QE) e defendeu que, ao contrário do quociente de inteligência (QI) de uma pessoa, essas habilidades categóricas podem ser aprendidas e melhoradas ao longo da vida. onde ausentes e melhoradas quando presentes.
“Ser emocionalmente inteligente é ter maior capacidade de adaptação.”
As cinco categorias são: Autoconsciência, Autorregulação, Motivação, Empatia e Competências sociais.
Desenvolver estas aptidões favorece diversos recursos, da resiliência à comunicação eficaz, da motivação à regulação de stress, o que comporta um impacto positivo na saúde física e psicológica e na adaptação ao meio envolvente. Num mundo em permanente mudança, ser emocionalmente inteligente é ter maior capacidade de adaptação, com melhor regulação emocional na felicidade e no sucesso, na crise e na adversidade.
Numa era em que o mercado de trabalho cresce em competitividade são as competências emocionais e psicológicas que mais ajudam a diferenciar talento. De uma forma geral, bons níveis de QE podem conduzir a uma vida mais equilibrada e feliz.
O contexto pandémico é uma oportunidade de adquirir e treinar competências de inteligência emocional. Para tal, partilho 5 dicas:
1) Treine diariamente a sua atenção focada – na base de bons níveis de inteligência emocional está uma boa qualidade de atenção. Sermos capazes de reconhecer, momento a momento, o que está presente a nível de pensamentos, emoções e sensações físicas permite-nos satisfazer necessidades físicas e emocionais de forma mais eficaz, bem como aumentar a nossa perceção do que nos rodeia e o nosso desempenho global. Assim, permita-se a cada hora do seu dia concentrar-se por um minuto na sua respiração. Convidando-se a regular a forma como inspira e como expira, e conectando-se com o corpo, treina o seu foco e ao mesmo tempo melhora os seus níveis de oxigenação.
2) Ative os seus sentidos – um estudo de Harvard demonstrou que cerca de 47% do tempo em que estamos acordados não estamos onde estamos. Ou seja, o nosso corpo está sempre no momento presente mas a nossa mente vagueia bastante entre o passado e o futuro. Umas das formas de melhorar a sua qualidade de atenção e conexão com o seu corpo é ativando os seus sentidos. Ao longo do seu dia, permita-se em alguns momentos sentir o chão que está a pisar, a textura da cadeira onde está sentado, a temperatura do ar ao abrir uma janela. Convide-se a hidratar com frequência com água mais fresca ou um chá mais quente, para criar contraste. Note o cheiro do chá, do café ou de uma fragância de um creme de mãos que pode utilizar para ativar o seu sentido do olfato. Vislumbre as cores dos objetos à sua volta e da comida que escolhe ingerir. Mastigue várias vezes e devagar para conseguir saborear com mais consciência o que escolhe pôr no seu prato. Sempre que o seu pensamento estiver muito acelerado ou sentir-se distraído ative sentidos para favorecer uma maior conexão com o seu corpo. Lembre-se: acalmamos um corpo agitado e tenso através da ativação sensorial.
3) Pratique gratidão – permita-se reconhecer diariamente dois ou três aspetos da sua vida, da sua personalidade, do seu funcionamento ou do seu corpo que aprecia e que o fazem sentir grato. Diversos estudos têm evidenciado o poder das práticas de gratidão no nosso cérebro, atenuando respostas de ansiedade e insatisfação e reforçando a confiança e o foco no presente.
4) Concentre-se no seu campo de ação – mais do que aquilo que aconteceu, acontece ou poderá acontecer à sua volta, é no seu campo de poder que reside a sua maior liberdade: a de escolher o que fazer e como fazer momento a momento. Trace objetivos que dependam de si e perante uma adversidade mobilize os seus recursos atuais ao invés de idealizar recursos que poderão nunca surgir. Lembre-se de que a coragem não implica ausência de medo e que a resiliência só se treina na adversidade.
5) Seja compassivo – A crítica fomenta mal-estar e um pensamento negativo e rígido. Permita-se aceitar a falha como algo inerente ao processo de aprendizagem. Convide-se a explorar os seus pensamentos, emoções e sensações físicas com curiosidade ao invés de medo. Legitime o que sente a cada momento, quer goste ou não, quer compreenda de imediato ou não. Quando se permite ser e sentir, cria a base necessária a regular a intensidade do que está presente.
Escrito por:
A Filipa Jardim da Silva é Psicóloga especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e Master Life Coach.
Formadora Certificada desde 2005 é autora do Livro Dar a Volta (2019) e Co-Autora do Livro Intervenção em Psicologia Clínica (2020).
Tem formação avançada em Comportamento Alimentar e em algumas abordagens psicoterapêuticas.
Desde 2008 tem integrado equipas em variados contextos. Em 2017 criou a sua marca pessoal que conta hoje com uma vasta equipa de profissionais de saúde, todos unidos pela mesma missão: potenciar maiores níveis de saúde psicológica e física.
Assume-se uma agente de transformação em todos os projetos em que se envolve.
É uma presença assídua em diversos órgãos de comunicação social, promovendo a disseminação de conteúdos de saúde psicológica junto da população em geral.
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